
Crônica sobre manias de adolescente e os desafios do namoro.
Tipo assim, a minha mãe tava conversando no telefone com a amiga dela e meu namorado ia me ligar. Não consegui ligar pra ele porque meu celular tava recarregando e minha mãe não deixava esse telefone.
– Larga o telefone mãe! É sexta-feira à noite. Pelo amor de Deus. Eu nunca vou sair desse jeito. Ai gente, fala sério!
Mas ela continuou falando e falando e pra distrair dava risada e falava novamente. Eu nunca vi. Ela passa a semana inteira em casa e não liga pra ninguém. Agora ela faz isso comigo, justamente esta noite. Tô com minha blusa nova azul-nenê baby look, aquelas calças-pink que eu não consegui resistir comprar e meus novos saltos roxos. Fiquei tão fofinha pra ele hoje e agora? Nossa senhora!
– Larga esse telefone mãe, por favor! Gente do céu, já são dez e meia. Ah, esqueci a bolsinha. Batom, pente, carteirinha, camisinha… Cadê meu celular? Deixei no quarto. Tá verde? Não. Liga por favor. Liga pra mim, meu celularzinho pratinho. Vai ligar, não vai? Que saco!
– Mãe!#? Por favor. Mãe preciso sair. Ele está tentando me ligar agora. Ai mãe, fala sério.
Mas fala sério. Gente, que vergonha.
– São quase onze horas mãe.
– Querida! Seu namorado tá aqui meu bem. Sai logo. Está buzinando.
– Ainda bem que ele veio. Se não.
Me produzi toda pra ele. Fiquei tão gostosinha. Nossa, que mico. Preciso correr. Ai, esqueci minha blusa.
– Mãe, cadê minha blusa pink de zipper?
– Não sei. Coloquei no armário ontem.
– Achei!
– Não volte muito tarde, tá?
– Mãe, preciso ir. Um beijo. Até amanhã.
– Amanhã não, esta noite.
– Sei mãe.
– Vá com Deus. Tome cuidado com esse cara, viu?
– Sei mãe. Ele é meu namorado. Tchau mãe. Beijão. Te vejo amanhã.
(Agora no carro…)
– Oi meu amor, tudo bem?
– Tudo. Vamos?
– Vamos.